sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Poção de rosas


Ah, como era impossível suster a forma das rosas.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Poção de rosas

As rosas abrem-se à vida todos os dias.
Pensarão elas que irão murchar ou morrer?
Ou apenas vivem o momento do doce perfume e fugaz beleza?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A fada triste


Uma noite estival, em que o vento abafado da terra não a deixava refrescar-se com o orvalho, o jardineiro saiu da cabana com a intenção de tomar banho. A madrugada já ia alta, mas depois de muitas voltas na cama, tentando conciliar o sono inutilmente, o jardineiro decidiu levantar-se para se ir refrescar no tanque.
Pelo caminho, quando passava junto de um canteiro de prímulas, de repente descobriu uma fada sentada numa flor. O jardineiro deteve-se a observá-la, mas a fada parecia não dar pela presença do homem. Com os cotovelos nos joelhos, mantinha a cabeça apoiada entre as mãos, com a expressão triste de uma criança.
- Boa noite, pequena fada- disse-lhe o jardineiro, sobresssaltando a fada de tal maneira, que caiu da flor e desapareceu entre a folhagem.- Desculpa ter-te assustado- voltou a dizer-lhe, quando a viu assomar novamente por entre as folhas.
- Não te preocupes, jardineiro- disse a fada,- Eu é que tive a culpa, por não ter reparado na tua presença.
E voltou a sentar-se na mesma flor e na mesma posição em que o jardineiro a tinha encontrado.
- O que tens?- perguntou ele- Vejo-te triste e abatida.
A fada olhou para ele como quem sai de um sonho, e demorou um momento a responder.
- Oh... bom é que... não gosto de ser fada.
- Porquê?- perguntou o jardineiro surpreendido.
- Porque gostava de ser esperta como os gnomos... ou inteligente como vocês, os homens.
O jardineiro meditou um momento na resposta da fada, e passado um pouco disse-lhe:
- A inteligência é útil para umas coisas, mas não para outras.
- Como não? A inteligência é muito importante na vida...
- Não, não, não!- interrompeu-a o jardineiro. -O importante não é ser inteligente, mas sim sábio!
- Não te entendo- disse-lhe a fada, abanando a cabeça.
O jardineiro sentou-se no chão diante da fada.
- O carvalho não é inteligente, mas sim sábio; quando é capaz de criar sementes cheias de vida
que nem o homem mais inteligente seria capaz de criar.
A águia não é inteligente, mas sim sábia; quando trata da cria, sabe exactamente o que tem de fazer para que cresça sã e se transforme numa ave majestosa. No entanto há muitos homens que são inteligentes, mas não são sábios; quando se envolvem em guerras e ódios, e utilizam a sua inteligência para descobrir novas formas de destruir e fazer mal a outros homens.
Não confundas inteligência com sabedoria, e não desejes ter algo de que não necessitas para cumprir a tua missão que a Vida te encomendou. Ela dá a cada um o que necessita para fazer o que tem a fazer, e dá-lhe essa sabedoria na sua própria natureza para que, sem nenhum esforço, possa fazer as coisas necessárias no momento necessário.
A fada esboçou um belo sorriso.
- Creio que te entendo.
O jardineiro suavizou o tom da sua voz e, com palavras carregadas de ternura, disse-lhe:
- Não desejes ser mais do que aquilo que és: uma delicada e bela fada. Porque com a tua beleza enches os bosques de encanto e alegria, e porque com a tua sabedoria, salpicas os campos com as cores das flores e a fragrância das plantas aromáticas.
Que seria de nós, os homens, sem a frescura do teu trabalho? Para quê querermos tanta inteligência se não formos capazes de dar o aroma a uma flor, nem a magia intocável ao bosque profundo?
E a fada deu um pulo de alegria, lançou-se num voo rápido à cara do jardineiro, e dando.lhe um beijo na ponta do nariz, desapareceu por entre os ramos de uns cedros próximos.
No dia seguinte, uma vez mais, os vizinhos da aldeia interrogaram-se o que se teria passado com o nariz do jardineiro, que brilhava tanto com aquele reflexo dourado.

domingo, 16 de agosto de 2009

Poção de rosas


Quando a noite chegar, vai à janela e olha o teu jardim banhado pelo luar. Devagar enche o peito com o suave perfume das rosas. Escuta o que te traz essa fragrância, ouve os lamentos, os risos e as pequenas aventuras. É agora a tua vez. Fala. Baixinho. Ou canta.Se preferires, chora. O jardim escutar-te-á.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quietude




E as rosas quietas
de vento vestidas
de branco enfeitadas
num Verão que volta
em revolto canto
em singelo manto
de noite
e de pétalas

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Vento de Verão

Um vento quente e seco, o chamado vento de leste, varre o jardim.
O sol arde e torna-se quase impossível deixar a casa, que fica fresca porque se fecham as portadas.
O meu jardim está parado, como que morto, nem as rolas se ouvem.
Dentro de casa, nesta penumbra fresca, leio um romance antigo arrastada pela melancolia.
Pelo entardecer, já quase noite, saio para o jardim, banhado pelos repuxos de água fresca.
Por baixo dos pés sinto o solo quente. Vou caminhando pelas folhas secas do calor. Tiro esta flor que murchou num canteiro, acaricio um botão de rosa que pela manhã, a continuar este calor, já estará demasiado aberto.
Caminho, uma sombra branca num jardim de Verão.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A rosa

Lânguida, no trono
macio de folhas
repousa
a rainha flor.
Abre-se toda em
aveludadas pétalas
de delicado
odor.
Solitária no vaso,
a rosa
pinga vermelho
na tarde sem cor.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Poção de rosas


De noite as rosas dormem, mas o seu perfume espraia-se por todo o jardim, num aroma morno que a brisa espalha.