terça-feira, 30 de junho de 2009

Poção de rosas





Quando as rosas falam baixinho
As palavras do coração desabrocham
E compõem duetos inesperados
E o amor transforma-se em jardim

sábado, 27 de junho de 2009

Poção de rosas


RAZÃO DE SER


A razão de ser assim
é um jardim
sem ter fim
é o meu eterno sim

A razão do meu amor
é este forte clamor
é do espinho o ardor
que se ergue numa flor

A razão de ser formosa
vem da tua e minha prosa
poética que se é chorosa
te rega e te faz rosa


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Junho de 2009

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Poção de rosas


Eu não vou
desistir do amor
nem da paz
nem das rosas
nem dos sonhos
nem de ti
e nem Deus
vai desistir
de mim...

Mesmo assim
haverá
mais espinhos
de plantão
do que flores
no jardim...

Pois o resto
é a razão
de ser assim...



domingo, 21 de junho de 2009

O mistério da vida


O bosque engalanava a sua alma perante a cálida paz do Verão com uma sebe de troncos de luz criados pelo sol, na sua tentativa de perfurar a espessura do dossel.
O calor, sensível como a mão de um amigo sobre o ombro, parecia convidar o jardineiro a descansar na sombra do manancial. Os esforços ficavam para trás. O sentido que a sua vida tinha levado até àquele momento, espreguiçava-se depois da sesta estival; e a soma dos seus êxitos e fracassos, esfumava-se como uma borboleta na espessura do bosque. Com o sossego no olhar e o coração nu, o jardineiro recostou-se no tronco de um álamo, aspirando o bafo do bosque por entre os fetos. Na eternidade de um instante, a semente de um pinheiro lançou-se no vazio desde a árvore que lhe dera vida e, rodopiando com a sua aleta até ao solo fértil da zona de sombra. Duas lágrimas trémulas assomaram os olhos do jardineiro, que, com voz muito baixa, disse à árvore:
_ Obrigado, irmão pinheiro, por me mostrares o mais profundo mistério da vida.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Manhã de Verão


Da minha varanda vejo a manhã que surge. Uma manhã de um dia de verão alegre e quente.
Da minha varanda respiro os aromas das flores que sobem até mim, consigo ver aquelas que durante a madrugada abriram, adivinho as minúsculas gotas de orvalho semelhante a pequenos cristais.
Vou descer as escadas e saudar todo o jardim.
As árvores e os arbustos espalham sombras de luz pelos caminhos.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Rosa


Rosa formosa
Sagrada rosa
Feminina flor
Fonte de amor
Aroma de vida
Sentida
Plena de Lua
Nua
Orvalhada de estrelas
Rubra centelha
Ventre fecundo
Portal do mundo
Parindo vermelho
Corola sagrada
Flor amada
Rosa dos ventos
Rosa dos tempos
Rosa mulher
Rosa sangue
Rosa sangrada
No palco dos Homens
Ferida,humilhada
Esquecido Poder
Essência Feminina
Do Éden das flores
Em êxtase sublime
Se redime
Num mundo de inocência reprimida
Deprimida
Renasce Deusa todo dia
Ana,joana,mariana,maria
Sempre flor,sempre formosa
Eternamente ROSA...

sábado, 13 de junho de 2009

A vida todos os dias



O roseiral mais antigo do meu jardim, foi o lugar que a gatinha preta escolheu para dar à luz os seus bebés.
Fiz-lhe um berçário muito confortável a partir de uma cesta velha de palha e com um cobertor que pertenceu a um dos meus sobrinhos.
Gatinhos pequeninos, que ainda não abriram os olhos. Todos pretinhos como a mãe.
O roseiral mais antigo do meu jardim abriga novas vidas e as rosas que vão nascendo exalam um perfume de vida palpitante.
É a primavera em flor, a vida que nasce e renasce a cada momento.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os cantos de Deus



Não é de estranhar que os seus vizinhos achassem o jardineiro um tanto ou quanto esquisito. Viam-no falar com as plantas, acariciá-las e tratá-las com carinho. E por seu lado, não ganhava dinheiro com elas, o que aquelas pessoas achavam ainda mais estranho.
_ Porque é que acaricias e falas com as tuas plantas, se elas não são capazes de sentir a tua mão nem de te ouvir? - acabou por lhe perguntar um dos seus vizinhos.
_ E como sabes que não me ouvem? - respondeu o jardineiro
O vizinho ficou perplexo.
_ Homem, toda a gente sabe que as plantas não são capazes...
_ A maioria dos homens também não sente nem ouve Deus - interrompeu o jardineiro -, e mesmo assim Deus não deixa de falar e cuidar de nós.
O vizinho sentia-se cada vez mais confuso.
E, sentindo-se um tanto incomodado, voltou a perguntar:
_ E como sabes que Deus existe? Eu nunca o vi, nem nunca o ouvi. Nem sequer notei esses cuidados de que falas.
O jardineiro baixou o olhar com tristeza e ficou calado; e quando o vizinho já pensava que naõ conseguia responder-lhe, olhou-o nos olhos com ternura, e disse-lhe:
_ Nas noites de luar só te dás conta de que os grilos cantam quando se calam, e é o silêncio que te alerta para a presença dessa vida escondida. Deus nunca deixou de nos cantar, nunca deixou de nos falar e mimar, e é por isso que a maioria dos homens não se apercebem das Suas carícias.
" Se Deus deixasse de cantar, logo a seguir seria demasiado tarde para nos darmos conta de que estava ali."
E, a sorrir, acrescentou:
_ Mas não te preocupes. Deus nunca deixará de cantar.
_ Sendo assim, nunca poderemos convencer-nos de que Deus existe - respondeu o vizinho, com um sorriso triunfante.
O jardineiro desatou a rir, e poisando a mão no ombro do vizinho, disse-lhe:
_ Passa-se o mesmo com os grilos... Se fizeres silêncio dentro de ti, o silêncio revelar-te-á os cantos de Deus.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Poção de rosas



O jardineiro é fiel a todas as rosas de um jardim?

sábado, 6 de junho de 2009

Poção de rosas


"A rosa dos amores
A Baco misturemos!
De rosas coroados
A taça levantemos!
O riso sobre os lábios,
Bebamos sob as rosas!
Rosa, glória das flores,
Da primavera encanto,
Mimo dos próprios deuses,
Nas cores voluptuosas!
Ergamos nossas taças.
Bebamos sob as rosas!
Se o filho de Afrodite
Vai, na dança ligeira,
Dançar em meio às Graças,
Tu, rosa, estás-lhe ornando
A bela cabeleira!...
Oh! já! Trazei mimosas
Coroas! Soem liras!
Fronte cheia de rosas,
Eu vou dançar, Dionissos
Com a rapariga nova,
Os véus a voar nos ares,
De seios tremulantes,
Em torno aos teus altares!"

"Todos, coberta a fronte
De rosas -- rubra orgia --
Oh! vamos rir, bebendo
O vinho da alegria!"

"_Com a primavera coroada,
Louvor à rosa delicada!
Junta-te, amiga, a estes meus cantos!"

"_Do artista é objecto dos cuidados
Entre os discursos que ela excita.
Planta das Musas, delicada,
É doce até por seus espinhos,
Quando nos ferem nos caminhos
Flóreos, estreitos e aculeosos...

_Doce é, nas mãos tendo-a, aquecê-la
Com dedos moles, voluptuosos...
Ó suave flor! terna e ligeira
Acendedora de amores..."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Poção de rosas


Ausências e cegueiras absolutas
ofereces às vespas e às abelhas,
e a quem te adora, ó surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa