domingo, 21 de junho de 2009

O mistério da vida


O bosque engalanava a sua alma perante a cálida paz do Verão com uma sebe de troncos de luz criados pelo sol, na sua tentativa de perfurar a espessura do dossel.
O calor, sensível como a mão de um amigo sobre o ombro, parecia convidar o jardineiro a descansar na sombra do manancial. Os esforços ficavam para trás. O sentido que a sua vida tinha levado até àquele momento, espreguiçava-se depois da sesta estival; e a soma dos seus êxitos e fracassos, esfumava-se como uma borboleta na espessura do bosque. Com o sossego no olhar e o coração nu, o jardineiro recostou-se no tronco de um álamo, aspirando o bafo do bosque por entre os fetos. Na eternidade de um instante, a semente de um pinheiro lançou-se no vazio desde a árvore que lhe dera vida e, rodopiando com a sua aleta até ao solo fértil da zona de sombra. Duas lágrimas trémulas assomaram os olhos do jardineiro, que, com voz muito baixa, disse à árvore:
_ Obrigado, irmão pinheiro, por me mostrares o mais profundo mistério da vida.

2 comentários:

Delfim Peixoto disse...

Lindoooo!
Jnhs sem espinhos
:)

rosa disse...

Quando há anos me ofereceram "O jardineiro" de Grian, gostei mas não lhe achei nada de mais... não sabia que passado este tempo ele me diria tanto.


Beijos de paz