sexta-feira, 30 de abril de 2010

Passeio no jardim



Quem aspira o perfume
deste longo jardim
de palavras cortadas
como se fossem caules
vê no chão espalhadas
as pétalas da rosa:
estilhaços de mim.

Nunca me completei
e sonho o que seria
se a mim me reunisse
a mim mesmo somado
como um ramo de flores
ou a gota de orvalho
na manhã condenada.

Sempre me procurei
dentro de mim perdido
em meus próprios domínios.
E no nunca me achar
é que me encontro e sou.
Só parto ao regressar.
Só venho quando vou.

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